segunda-feira, 8 de junho de 2009

NUTRIÇÃO FUNCIONAL

Nutrição Funcional revela influência dos nutrientes no desenvolvimento de doenças

Ciência trabalha com equilíbrio de micronutrientes e uso de alimentos funcionais e fitoterápicos

Prevenir e tratar desordens crônicas complexas através da detecção e correção dos desequilíbrios que geram doenças. Este é o papel da Nutrição Funcional (NF), ciência que considera a interação entre todos os sistemas do corpo, incluindo as relações que existem entre o funcionamento físico e aspectos emocionais. A “novidade” trabalha principalmente com os sinais e sintomas apresentados pelo paciente, equilíbrio de macronutrientes e, principalmente, micronutrientes, uso de alimentos funcionais, fitoterápicos e a prescrição de suplementação ou complementação desses, a depender de cada caso. Além disso, leva em consideração a influência genética e acredita, como mostram os estudos mais recentes, que os nutrientes têm total influência sobre a expressão dos genes. “O mais surpreendente dessa ciência é a possibilidade de lidar com as expressões genéticas que podem levar a doenças, inibindo-as”, destaca a representante do Conselho Regional de Nutricionistas (5ª Região – CRN-5) no Conselho Federal de Nutricionistas (CFN), Edilene Araújo.
O desequilíbrio de nutrientes pode gerar muitas enfermidades. “Há muito tempo nossa preocupação era com os macronutrientes e suas quilocalorias. Hoje, com o resgate do conhecimento que já possuíamos, percebemos que a falta ou excesso de micronutrientes podem levar à alteração da homeostase orgânica (propriedade dos seres vivos de regular o seu ambiente para manter uma condição estável, mediante ajustes de equilíbrio). Nesse sentido a utilização da NF complementando ou suplementando uma dieta pode prevenir, melhorar ou até resolver muitas alterações”, aponta Edilene Araújo.
Um exemplo que a nutricionista do CFN tem acompanhado em seu consultório é o de pacientes que a procuram para resolver a hipercolesterolemia (presença de quantidades de colesterol acima do normal no sangue). Com o uso de alguns nutrientes como fibra solúvel, ômega 3 e os fitoquímicos do alho, ela consegue resolver os casos desse distúrbio sem uso de medicamentos. “Isso é um avanço na nutrição porque agora não só aprendemos sobre isso, mas praticamos, acreditamos e colhemos excelentes resultados”, destaca.

Para o nutricionista conselheiro do CRN-5, Vanilson Silva, conhecer o assunto pode mudar a vida de quem adere a uma alimentação nos moldes da Nutrição Funcional. “Conheço pessoas que tinham rinite alérgica e que se curaram, pessoas que melhoraram e muito a celulite e pessoas que resolveram problemas de prisão de ventre, antes controlado apenas com o uso de medicamentos”, conta.
Os desequilíbrios tratados através da NF ocorrem devido à inadequação da qualidade da alimentação, do ar que respiramos, da água que bebemos, dos exercícios (a mais ou a menos) e alterações emocionais que passamos. Estas “inadequações” são consideradas de acordo com a individualidade genética que ocorre em cada pessoa. Por exemplo: enquanto um indivíduo é alérgico a camarão o outro não é. Enquanto para um o café pode gerar dor de cabeça e insônia, para outro não. Enquanto um necessita de mais zinco (ex: 25mg) para produzir ácido suficiente em seu estômago, o outro precisa de menos (ex.: 10mg). Enquanto um precisa de mais ômega 3 para manter os triglicerídeos e o HDL em níveis adequados, o outro precisa de menos.
De acordo com Edilene Araújo, o termo funcional é relativamente novo, surgiu em 1920, quando se iniciaram as primeiras discussões sobre os alimentos funcionais e nutracêuticos. “Já a abordagem não é nova. Remonta há muitos séculos (2500 anos AC, com Hipócrates) quando o homem era analisado como um ser total e único em todos os sentidos”, diz. Ela ressalta que alimento funcional não é a mesma coisa que nutrição funcional. “Ele é objeto de estudo de uma ciência (NF) em que o paciente é visto como ser integral, bioquimicamente individualizado e como tal, deve ser avaliado em todos os seus sinais e sintomas e não apenas como portador de uma doença”, conclui.

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