sexta-feira, 15 de agosto de 2008

DOENÇAS...

Retinopatia diabética: principal causa de cegueira irreversível

Principal causa de cegueira irreversível na população economicamente ativa (de 20 a 60 anos), a Retinopatia Diabética atinge metade dos pacientes portadores do Diabetes Mellitus, sendo responsável por 7,5% das causas de adultos incapacitados para o trabalho. Estima-se que o número de pessoas com risco de desenvolver perda de visão decorrente do diabetes dobre nos próximos 30 anos.

A doença

“O problema da retinopatia diabética é que ela não tem sintoma. Em qualquer estágio do diabetes pode ocorrer uma significativa diminuição da acuidade visual do paciente, ou seja, perda significativa da visão. Muitos pacientes são avaliados e tratados do diabetes, mas somente metade consulta um oftalmologista adequadamente”, afirma o retinólogo do Hospital São Rafael Otacílio Maia. Isso somado ao fato de que a baixa de visão costuma ser um sintoma tardio da retinopatia diabética, muitos pacientes acabam por permanecer sem diagnóstico mesmo quando a doença já está causando lesões graves e irreversíveis na retina.

Sintomas e diagnóstico

Com as alterações provocadas pelo diabetes, os vasos internos do globo ocular tendem a sofrer erupções, causando hemorragias internas e descolamento da retina. Desta forma, o indivíduo sente uma diminuição gradativa da visão, mesmo com o uso de óculos e lentes de contato. Um dos principais sintomas perceptíveis pelo próprio paciente é o aparecimento de manchas escurecidas na visão, que desaparecem em alguns dias, mas que também podem durar longos períodos.

“Alguns estudos comprovam que muitos pacientes perdem a visão em decorrência de acompanhamento médico inadequado e indicação tardia de tratamentos. Além disso, cerca de 50% das pessoas não procuram um oftalmologista logo após o aparecimento dos primeiros sintomas, reduzindo a possibilidade de reversão da doença”, explica o médico.

Risco

Sabe-se que, as pessoas que possuem diabetes apresentam risco 25 vezes maior de ficarem cegas em relação a quem não tem a doença. Por isso é recomendado que todos os pacientes com hiperglicemia sejam submetidos a exames de mapeamento de retina pelo menos uma vez por ano, como explica o especialista em retina e vítreo. Notando algum problema, o médico poderá realizar uma angiofluoresceinografia, avaliação em que tipo especial de corante é injetado nas veias possibilitando a visualização de vasos sanguíneos comprometidos no fundo do olho.

Recomenda-se também, que para prevenir a cegueira causada pela retinopatia diabética, exame oftalmológico realizado por especialista em retina assim que for detectado o diabetes, mesmo que não exista sintoma visual.

Tratamento

O mais eficiente tratamento da retinopatia diabética ainda é evitar que ela ocorra, com o controle da glicemia, da tensão arterial, o combate à obesidade e ao sedentarismo. Tais providências retardam ou evitam o aparecimento da doença em 50% dos casos e tornam sua evolução lenta. O controle da doença requer também a visita constante ao oftalmologista e a harmonia de ação entre este e o clínico e outros especialistas que estejam acompanhando o paciente. Recomenda-se que o portador do diabetes tipo 1 procure o oftalmologista no máximo cinco anos depois de instalada a doença e que o portador do diabetes tipo 2 o faça logo após diagnóstico. Nos dois casos, quanto mais precoce o diagnóstico, melhores as condições de tratamento e maiores as chances de um prognóstico favorável.

Segundo Maia, a terapia precoce reduz o risco de piora da visão em mais de 50%, pois evita a formação de novos vasos e impede novos focos de sangramento. “Uma vez instalada a retinopatia e detectada a potencialidade de perda da visão, a fotocoagulação da retina, através da utilização de lazer é o melhor tratamento”, esclarece o especialista. Recentemente, novas terapias (antiinflamatórios e anti-proliferativos) aplicadas sob forma de injeções dentro do olho estão sendo associadas ao tratamento a laser. A Vitrectomia, cirurgia com alto índice de sucesso, se faz necessária nos casos de hemorragia vítrea e descolamento de retina para melhorar a visão do paciente. “Hoje podemos dizer que a retinopatia diabética é uma doença potencialmente grave e que pode levar à cegueira. Entretanto, é importante saber que um bom controle clínico previne não apenas seu aparecimento, mas sua evolução em 50% a 75% dos casos. Além disso, o tratamento a laser ou cirúrgico previne a perda visual ou recupera a visão cerca de 90% dos casos”, ressalta Maia. “Felizmente os conceitos atuais são animadores: a retinopatia diabética não é apenas uma doença previsível, mas também prevenível e tratável na grande maioria dos pacientes. Hospital São Rafael

A maioria das doenças que afeta a visão é sistêmica, reflexo de outras enfermidades, como hipertensão, diabetes, neoplasias malignas, infecções, dentre outras. “Desta forma, estar dentro de um hospital geral, com todos os recursos disponíveis é essencial. É assim com o Serviço de Oftalmologia do Hospital São Rafael. O hospital é conhecido por atender casos de alta complexidade, e disponibiliza recursos de tecnologia de ponta, nível profissional, área de pesquisa. Isto além de aumentar consideravelmente a resolutividade dos casos dos pacientes do Serviço de Oftalmologia, torna este serviço ainda mais qualificado”, afirma o professor da Faculdade de Medicina da UFBA Roberto Marback, também orientador da residência médica em oftalmologia no HSR.

O Serviço de Oftalmologia do Hospital São Rafael é considerado polivalente, porque atende a todas as doenças oftalmológicas, mas, ainda assim, os casos de Retinopatia Diabética são muito freqüentes. A área atende por mês 2500 pacientes de ambulatório (consulta), além de exames e procedimentos cirúrgicos, de segunda a sábado. Desde maio, o Serviço de Oftalmologia do hospital sofreu uma ampliação do seu parque tecnológico, com a aquisição de aparelhos de última geração para cirurgias de Retina e Vítreo e de Catarata, estando, ainda mais apto, a atender a demanda.

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