quarta-feira, 2 de maio de 2012

CRN-5 apoia parecer “absolvendo” dieta vegetariana

CRN-5 apoia parecer “absolvendo” dieta vegetarianaPara as pessoas que defendem o direito à vida, inerente a todas às espécies animais, eis uma notícia de interesse: o Conselho Regional de Nutricionistas da 3ª Região (Mato Grosso e São Paulo) emitiu um parecer absolvendo a dieta vegetariana, ou seja, admitindo a sua viabilidade enquanto opção alimentar. Totalmente apoiado pelo Conselho Regional de Nutricionistas da 5ª região (Bahia e Sergipe), o parecer defende que a natureza biológica do ser humano lhe possibilita escolher aquilo que deseja comer, o que inclui o vegetarianismo como opção.Segundo o parecer do CRN-3 apoiado pelo CRN-5, o vegetarianismo pode ser adotado em qualquer idade, desde que atenda às necessidades nutricionais individuais, tais como manter os índices adequados de cálcio, ferro, zinco, ômega 3, proteína e vitamina B12 no organismo. Ao nutricionista cabe não só respeitar a escolha do seu cliente/paciente, como também orientar o planejamento alimentar, considerando as necessidades e preferências pessoais quanto ao tipo de dieta. “O papel do nutricionista é orientar e não julgar a opção do indivíduo. Este profissional não deve, de modo algum, desencorajar seu paciente em relação a optar pelo vegetarianismo”, declara o nutricionista de Aracaju, conselheiro do CRN-5, Gilcélio Almeida, que é vegetariano.Um erro recorrente nas dietas vegetarianas sem orientação adequada é o consumo elevado de fibras nutricionais, que pode comprometer a absorção de diversos nutrientes, principalmente o ferro. “Por esse motivo é importante procurar um nutricionista para fazer o ajuste adequado”, destaca Gilcélio. O nutricionista é o profissional que conhece os nutrientes e as suas fontes. Sua competência o permite avaliar o estado nutricional de cada indivíduo e assim elaborar a conduta mais adequada para atender suas necessidades dentro dos princípios vegetarianos. “Uma dieta vegetariana bem orientada fornece nutrientes em quantidade suficiente para manutenção da saúde e sem os danos das gorduras saturadas presentes nos tecidos animais”, completa.Não ao preconceitoSegundo o nutricionista de São Paulo, George Guimarães, especializado em dietas vegetarianas e historicamente perseguido pelos colegas de classe, cabem às faculdades de nutrição romper com certos dogmas e paradigmas enraizados na estrutura de ensino para, no mínimo, não formar profissionais desqualificados e preconceituosos. “Como a nutrição no passado, a medicina também precisa ser reciclada nesse aspecto, pois a grande maioria dos médicos (salvo raras exceções) faz um verdadeiro terrorismo psicológico em pacientes que manifestam a sua condição vegetariana. A adoção mal planejada de qualquer dieta é que deve ser atacada, independente se é vegetariana ou não”, declara George.Para a nutricionista baiana Mônica de Menezes e Silva, os vegetarianos têm diversas razões científicas, ambientais, religiosas, filosóficas e éticas para justificar suas escolhas alimentares. “O que importa é que esta escolha seja bem planejada e orientada, com o intuito de garantir a adequação nutricional e a saúde do indivíduo”, declara.Diferenciações - As pessoas confundem o ovolactovegetarianismo, o vegetarianismo estrito e o veganismo. Para Mônica de Menezes, a diferenciação entre os termos é importante. “O vegetarianismo refere-se ao termo mais genérico. Dentro desta linha, temos as diversas variações”, diz.O ovolactovegetariano é o indivíduo que não consome carnes de qualquer forma, mas não abre mão de leites, derivados e ovo. O vegano não aceita nem mesmo estes alimentos. Já o vegetariano estrito não consome qualquer alimento de origem animal, inclusive mel, além de não usar roupas ou qualquer outro produto feito de couro, osso, chifre ou outras partes de animais.Deficiência de ferro - Em cada 100 indivíduos com deficiência de ferro ou em condição anêmica, se apenas um for vegetariano, muito provavelmente será justamente ele o alvo de uma “condenação óbvia” por sua escolha alimentar. “E em relação aos outros 99 indivíduos que comem carne e estão anêmicos, qual o juízo atribuído a eles? Cerca de 1/3 da população mundial sofre de deficiência de ferro, mas a maioria das pessoas que apresentam o problema comem carne”, declara Gilcélio.O ferro é apenas um exemplo, mas há outros dogmas alimentares relacionados ao consumo ou ao não consumo de carne ou derivados de produtos de origem animal. “Feijões, ervilha, lentilha e grão de bico são exemplos de fontes de ferro de origem vegetal que podem substituir a carne tanto para absorção de ferro quanto de aminoácidos essenciais”, relata Mônica, que também é vegetariana.Segundo ela, “outra importante fonte de ferro para os vegetarianos são as folhas de cor escura, como couve, brócolis e espinafre. A absorção deste mineral pelo organismo é otimizada quando seu consumo é associado a frutas cítricas (acerola, laranja, caju)”, destaca. Pesquisas mostram que o intestino do indivíduo vegetariano adapta-se e absorve de forma mais eficiente o ferro e a proteína de origem vegetal. Além da deficiência do ferro, as dietas vegetarianas podem apresentar menor ingestão de vitamina B12, vitamina D, cálcio, selênio, iodo e zinco, o que pode causar efeitos negativos sobre o organismo.  Outros nutrientes - O vegano e o vegetariano estrito devem estar atentos para a ingestão da vitamina B12, pois ela só está presente em alimentos de origem animal. A forma segura de consumo deste nutriente se dá através do uso de suplementação de origem bacteriana, já que os vegetarianos não admitem que seja extraída de animais. “As bactérias do intestino grosso humano produzem B12, no entanto, o local de absorção da vitamina é no final do intestino delgado, o que significa que ela é produzida num ponto posterior ao local em que é absorvida”, explica Mônica.A vitamina D pode ser produzida no próprio organismo, através do contato da pele com os raios solares ou do consumo de cereais e leite de soja fortificado. Já o cálcio, obtido mais frequentemente através do leite e derivados, pode ser obtido também pela ingestão de folhas verdes e leguminosas. O selênio pode ser absorvido por meio do consumo de uma castanha do brasil por dia. “Grãos integrais também contém selênio, porém em menor quantidade”, pontua a nutricionista.Os vegetarianos geralmente ingerem menor quantidade de zinco que os indivíduos que comem carne e vegetais (onívoros), mas na dieta vegetariana orientada por um nutricionista deve conter quantidades suficientes de zinco obtidas a partir de cereais integrais e feijões. O iodo, por sua vez, deve ser ingerido através da soja, batata-doce, agrião, alcachofra, alface, alho, cebola, cenoura, ervilha, aspargo, rabanete e algas.

Publicada  em www.salvadoracontece.com

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